Mulheres líderes no limiar da visibilidade

  • Temáticas
    LGTBIQ+
    Diversidade, equidade e inclusão
    Social Media
    Talento
  • Setor
    Outros
  • Países
    Global

Na LLYC, estamos convencidos de que a visibilidade do talento feminino é um acelerador da igualdade porque normaliza a presença das mulheres em todos os setores e disciplinas, proporciona referências para as novas gerações, promove modelos de sucesso e liderança diversificada e, não menos importante, impulsiona as carreiras profissionais das mulheres. Em 2019, publicámos o relatório “Contar y contarlo”, no qual compilámos e comparámos estudos que apontam na mesma direção.

Mas decidir atravessar este limiar e tornar-se mais visível não é uma tarefa tão fácil como parece. O gap de “autopromoção”, ou seja, a diferença de esforços que as mulheres dedicam em relação aos homens para destacar as suas conquistas, dar-se a conhecer no mercado e gerar visibilidade para o seu perfil profissional, é de até 33%, de acordo com estudos publicados na Harvard Business Review. Esta investigação aponta para algumas razões possíveis, tais como a menor confiança das mulheres nas suas capacidades profissionais ou a maior confiança dos homens na ligação entre estas estratégias de autopromoção e os incentivos económicos.

Um dos fatores que pode ter maior influência é o “double-bind bias” (desvio de duplo vínculo ou laço). Para as mulheres, estas ações de visibilidade e marketing geram o efeito contrário ao desejado. Assim, elas são ou temem ser penalizadas se se promoverem a si próprias, mesmo que esta presença reduzida tenha também consequências negativas para as suas carreiras. Pelo contrário, eles, pelos mesmos comportamentos e atributos, são aplaudidos e não sofrem nenhum castigo.

Outra barreira pode ser a dedicação ainda maior das mulheres à família e aos cuidados. De acordo com a OIT, em todo o mundo, as mulheres passam 4,4 horas por dia em cuidados não remunerados, enquanto os homens passam 1,4 horas por dia em cuidados não remunerados. Dado que as atividades de promoção e visibilidade são vistas como adicionais – e não inerentes – às funções profissionais, são frequentemente realizadas fora do horário de trabalho, aumentando assim a dificuldade do já complexo equilíbrio trabalho-vida pessoal.

Por fim, relatórios de organismos internacionais como a Amnistia Internacional alertam para a violência contra as mulheres nas redes sociais, um claro desincentivo a uma maior participação.

Nenhum destes elementos parece, pelo que foi publicado até agora, ser a única causa ou justificar inteiramente a menor visibilidade das mulheres. Interrogámo-nos se, analisando a conversa digital, poderíamos contribuir para compreender esta combinação de razões e, com um diagnóstico mais claro, que estratégias poderiam ser mais eficazes em geral ou especificamente nos países onde operamos.

Material para download

Artigo