

Na ficção científica, o futuro do trabalho consistia em edifícios psicadélicos com elevadores que levitam, robôs ou portas giratórias hipervelozes. O que a ficção científica não poderia imaginar era que o futuro seria um trabalhador numa chamada de Zoom interrompida por microfones que não estão a funcionar, filtros inesperados e despropositados e os filhos a cantar músicas aos gritos. Até há pouco tempo, a inteligência artificial e a automatização eram consideradas iminentes no futuro do trabalho; atualmente, quando se trata de definir a agenda, é necessário ter em conta a disrupção causada pela COVID-19.
Para 2021, na LLYC, identificamos três grandes linhas de transformação no que respeita à relação entre as empresas e o talento, sendo que a primeira já estava marcada pela transformação digital e pelo desenvolvimento significativo da Inteligência Artificial, mas surge agora mais acentuada:
1. A priorização da melhoria de competências e a requalificação dos colaboradores, para:
– Gerar vantagens competitivas no mercado.
– Dar resposta à perspetiva de carreiras mais longas.
– Proporcionar ferramentas de liderança a gestores que sintam dificuldade devido à deslocalização do teletrabalho.
2. A definição de novos modelos de relação mais flexíveis entre as empresas e os trabalhadores, uma vez que as empresas continuam estagnadas no passado e têm pouca capacidade para dar resposta às prioridades dos colaboradores:
– A saúde mental.
– Equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional.
– As reivindicações dos perfis seniores.
3. A importância crescente da comunicação, num contexto em que o teletrabalho e a previsão de modelos híbridos podem levar, no médio prazo, a uma destruição da cultura e do tecido social interno das empresas, e em que o ativismo crescente dos colaboradores em determinadas causas poderá gerar quebras de confiança consideráveis.